Era um adeus?

"Diz adeus" Eu falei, me apoiando na menina com roupas natalinas. "Adeus é uma palavra muito forte... até logo" Ela se virou abraçando ternamente a menina com os olhos marejados. E eu ali só olhando, pensando. Adeus era adequado para aquele momento. Totalmente adequado.

Já fazem cinco horas e vinte minutos que você partiu. Você partiu. Depois de oito anos você partiu. Você sempre foi do tipo de sair, o Rio de Janeiro sempre te esperava ansiosamente nas férias que eu sei, mas você voltava sempre depois de um mês. E um mês um dia já foi suficiente para gente, e que mês! Ah, você não sabe a falta que vai fazer. Serão seis meses, cento e oitenta dias, quatro mil trezentas e vinte horas. Sentirei saudades a cada minuto, a cada música marcante, a cada caminhada perto de sua casa, prometo que compartilharei minhas saudades com seu filho canino, compartilharei com suas amigas humanas. Prometo mandar cartas, e você promete me dizer como estar por aí, certo? Ah, Bianca... Não faça a minhas lágrimas caírem depois de oito anos! Não faça elas caírem depois de todas as das outras pessoas caírem. Eu realmente te odeio por isso. Really. Bem, não há nada que eu possa fazer, todas as chances de sabotagens do avião já foram fracassadas, porque neste exato momento você deve estar se aconchegando numa cama, morta de sono por causa do voô. Então, eu espero que você aproveite seu sonho. Aproveite por todas e por tudo, por tudo que você mereceu para estar aí. E se acalme eles vão ser lindos e vão gostar de você. Se eles gostarem de você um terço do que nós gostamos, pode apostar que eles vão gostar muito. Seja apenas você mesma, isso já basta, sempre bastou e sempre bastará. Sentiremos saudades, muito mais do que você possa imaginar. E sim, isso é um adeus, um adeus durante seis meses: Seis meses, cento e oitenta dias, quatro mil trezentas e vinte horas e infinitas saudades.