terça-feira, 30 de junho de 2009

Caninos.

A grama por debaixo do meu corpo me pinicava de modo irritante. O sol em cima do meu corpo me fazia comprimir os olhos. O cachorro ao meu lado mordia meus dedos lentamente como quem pede atenção. Levantei, ficando sentada e olhando para aquela pequena coisa mesclada de pêlos brancos e pretos que me olhava intensamente com seus olhos azuis escuros. Sorri espontâneamente, provavelmente o meu primeiro sorriso naquele dia ensolarado. Nunca gostei de dias demasiadamente ensolarados. A pequena coisa peluda se moveu encostando-se na minha perna, sem ao menos pedir permissão. Minhas mãos se embrenharam em seus pêlos macios. Enquanto eu me divertia separando a parte branca da preta o cachorro deitou-se entre minha pernas quase dormindo. Tentava ao máximo lutar contra o sono enquanto eu mexia em suas mechas brancas. Encostou seu fucinho gelado na minha perna e adormeceu. Eu sorri novamente, pela segunda vez naquele dia. Que irônico, a única criatura viva que conseguiu me fazer sorrir duas vezes naquele dia nem ao menos falou uma palavra sequer. Quantas pessoas já haviam feito piadas, dado sorrisos falsos e até mesmo apelado para as cócegas e não conseguiram arrancar um sorriso verdadeiro de mim.
É, eu nunca acreditei muito na raça humana.

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